domingo, 24 de junho de 2012

Os 3


- Você nunca percebeu, né Rafael?
- Perceber o que?
- O quanto que eu te amo.
- Cê tá falando sério? – Silêncio- Eu também te amei esse tempo todo.

Durante as férias do início do ano eu fiz uma lista de filmes para assistir. Era só um passatempo enquanto as aulas não começavam e na busca por bons títulos, encontrei a sinopse de “Os 3”. O filme é nacional e acho que pouco conhecido. Na época, não estava no circuito aqui de Belém, nem comercial, nem alternativo. Procurei para download e nada. Anotei o nome e fui viver minha vida. Aí outro dia eu fui à Fox com os amigos e encontrei o filme para locação. Só que não voltei para pegá-lo. Nesse fim de semana, fiz minha última tentativa e voilá! Achei o filme para download.
Assisti hoje de tarde. É um filme curtinho, não chega há uma hora e meia. Mas é o suficiente para fazer pensar sobre a tênue linha entre amizade, amor, paixão e tesão. A história é sobre o relacionamento de três jovens universitários: Camila, Rafael e Cazé. Eles estão prestes a se mudar do apartamento que dividiram durante os quatro anos da Faculdade quando uma proposta os faz ficar por mais tempo juntos e sendo assistidos pela Internet 24h por dia. Mais informações, no site do filme aqui.
Talvez o desenrolar da história seja água-com-açúcar para os mais exigentes. Sou meio boba e acabo gostando de filmes muito facilmente. Acho que o que realmente me encantou no filme foi a forma como os sentimentos ficam explícitos. Você se sente Camila ao se sentir divida entre dois homens. Ou um pouco Rafael ao declarar o seu amor e achar que a resposta positiva é uma mentira e ter o seu coração partido em alguns milhões de cacos. Até mesmo se sentir um pouco Cazé ao agir de tal forma que não magoa uma pessoa sem se preocupar se tais atitudes magoariam outra.
Durante a história, também entra em questão o que é real e o que ficcional, já que existe um público acompanhando o triângulo amoroso. Em alguns momentos, uns fingem e outros não, uns entendem o fingimento e outros não o aceitam. Talvez o filme proporcione uma discussão sobre o limite entre o público e privado e que pode se desenvolver ao ser comparado com os atuais realities shows. Porém, a proposta não é entrar nessa questão também.
Acho que o que mais chama a atenção é a identificação de quem assiste não necessariamente com os personagens, são jovens comuns, não há heróis ou vilões na história, mas com a teia de sentimentos onde todos estão envolvidos. Teias de sentimentos a qual todos nós estamos condenados a viver entrelaçados. Provável que uma das metas das nossas vidas é desfazer esse nó e decidir por quais pessoas que estão ao nosso redor nós temos amizade, paixão, tesão e amor. E dedicar cada um desses sentimentos a quem merece. E esperar que ele seja retribuído.
Após o filme, percebi que é essa teia de sentimentos que torna a vida tão complicada: a pessoa que nos ama é a quem dedicamos amizade; o alvo do nosso tesão é quem nos retribui com amor; a pessoa que só pode nos oferecer amizade é quem julgamos como o amor de nossas vidas e assim sucessivamente. No momento em que encontrarmos alguém por quem possamos sentir amor, amizade, paixão e tesão ao mesmo tempo, de forma clara e misturada, é o momento em que puxamos a pessoa e colocamos um anel no seu dedo da mão esquerda. Ou apenas levamos para morar junto.
E enquanto nada disso acontece, vamos levando do jeito que dá, seguindo os caminhos que aparecem pela frente, cruzando as esquinas erradas e confundindo os próprios sentimentos e os dos outros. Até que um dia a gente acerta e desembaraça toda a teia.

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