- Você nunca percebeu, né Rafael?
- Perceber o que?
- O quanto que eu te amo.
- Cê tá falando sério? – Silêncio- Eu também te amei esse tempo todo.
Durante as férias do início do
ano eu fiz uma lista de filmes para assistir. Era só um passatempo enquanto as
aulas não começavam e na busca por bons títulos, encontrei a sinopse de “Os 3”.
O filme é nacional e acho que pouco conhecido. Na época, não estava no circuito
aqui de Belém, nem comercial, nem alternativo. Procurei para download e nada.
Anotei o nome e fui viver minha vida. Aí outro dia eu fui à Fox com os amigos e
encontrei o filme para locação. Só que não voltei para pegá-lo. Nesse fim de
semana, fiz minha última tentativa e voilá!
Achei o filme para download.
Assisti hoje de tarde. É um filme
curtinho, não chega há uma hora e meia. Mas é o suficiente para fazer pensar
sobre a tênue linha entre amizade, amor, paixão e tesão. A história é sobre o
relacionamento de três jovens universitários: Camila, Rafael e Cazé. Eles estão
prestes a se mudar do apartamento que dividiram durante os quatro anos da
Faculdade quando uma proposta os faz ficar por mais tempo juntos e sendo
assistidos pela Internet 24h por dia. Mais informações, no site do filme aqui.
Talvez o desenrolar da história
seja água-com-açúcar para os mais exigentes. Sou meio boba e acabo gostando de
filmes muito facilmente. Acho que o que realmente me encantou no filme foi a
forma como os sentimentos ficam explícitos. Você se sente Camila ao se sentir
divida entre dois homens. Ou um pouco Rafael ao declarar o seu amor e achar que
a resposta positiva é uma mentira e ter o seu coração partido em alguns milhões
de cacos. Até mesmo se sentir um pouco Cazé ao agir de tal forma que não magoa
uma pessoa sem se preocupar se tais atitudes magoariam outra.
Durante a história, também entra
em questão o que é real e o que ficcional, já que existe um público
acompanhando o triângulo amoroso. Em alguns momentos, uns fingem e outros não,
uns entendem o fingimento e outros não o aceitam. Talvez o filme proporcione
uma discussão sobre o limite entre o público e privado e que pode se
desenvolver ao ser comparado com os atuais realities
shows. Porém, a proposta não é entrar nessa questão também.
Acho que o que mais chama a
atenção é a identificação de quem assiste não necessariamente com os
personagens, são jovens comuns, não há heróis ou vilões na história, mas com a
teia de sentimentos onde todos estão envolvidos. Teias de sentimentos a qual
todos nós estamos condenados a viver entrelaçados. Provável que uma das metas
das nossas vidas é desfazer esse nó e decidir por quais pessoas que estão ao
nosso redor nós temos amizade, paixão, tesão e amor. E dedicar cada um desses
sentimentos a quem merece. E esperar que ele seja retribuído.
Após o filme, percebi que é essa
teia de sentimentos que torna a vida tão complicada: a pessoa que nos ama é a
quem dedicamos amizade; o alvo do nosso tesão é quem nos retribui com amor; a
pessoa que só pode nos oferecer amizade é quem julgamos como o amor de nossas
vidas e assim sucessivamente. No momento em que encontrarmos alguém por quem
possamos sentir amor, amizade, paixão e tesão ao mesmo tempo, de forma clara e
misturada, é o momento em que puxamos a pessoa e colocamos um anel no seu dedo
da mão esquerda. Ou apenas levamos para morar junto.
E enquanto nada disso acontece,
vamos levando do jeito que dá, seguindo os caminhos que aparecem pela frente,
cruzando as esquinas erradas e confundindo os próprios sentimentos e os dos
outros. Até que um dia a gente acerta e desembaraça toda a teia.
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