Alguns o enxergam como um caso: curto, intenso, deixa sem dormir, sem
comer ou faz comer até demais! Outros enxergam nele um filho que será defendido com
unhas e dentes das garras de gente perigosa, como uma leoa defende o seu
filhote. Eu apenas o vejo como o TCC.
Há poucos meses eu chamei essa aventura de "O fim está próximo".
E agora, pouco tempo depois, é, finalmente, "O fim do fim". E nesse
curto espaço de tempo, as três temidas letras, "TCC", foram o
principal e praticamente único assunto das rodas de conversa, dos cochichos de
corredores. E agora acabou.
É engraçado como a gente briga, se estranha, fica preocupado, escreve,
corrige, reescreve, corrige de novo, re-reescreve e chega a uma conclusão que,
no mínimo, no mínimo, parece sensata. E é isso que faz o esforço valer a pena.
Para mim, esse trabalho todo é a materialização de algo no qual eu
acredito, algo que eu gosto, algo que eu quero para a minha vida. É o primeiro
passo de um novo velho sonho que parece, mesmo que ainda sem forma, se tornar
real.
Definitivamente é o fim de um ciclo. Mas também é o começo de outro. Ou
outros. E que venham muitos outros ciclos, embora cada fim me deixe com os
olhos cheios de lágrimas. Sim, estou terminando a Faculdade e isso soa tão
adulto. Mesmo que eu ainda tenha medos infanto-juvenis (para não dizer
completamente infantis).
Estou deixando para trás aquelas paredes, outrora secas e sem graça que se tornaram coloridas com cartazes e fotos, aqueles laboratórios de onde vieram tantos trabalhos
bons, outros nem tanto, reuniões de pauta, discussões (amigáveis ou não),
professores, funcionários, colegas de outros anos... É a primeira vez, em toda
a minha vida, que estou me desvinculando completamente da UFPA e talvez isso
seja o que me doa mais.
Juro que se pudesse voltar no tempo eu... Não, eu não faria nada de
diferente. As coisas são como elas devem ser e não podemos mudar isso. O que
podemos fazer é deixar as experiências ruins e carregar conosco as
coisas boas.
Apesar de passar um ano inteiro dando "graças a Deus" por
estar terminando a Faculdade, eu vou sentir saudades de tudo que foi bom
que aconteceu lá. E vou sentir saudades das pessoas legais que eu sei com
quem dificilmente manterei contato após a formatura. E eu vou sentir
saudades dos nossos risos jovens, deliciosos, sonhadores. Sim, sonhadores,
porque o meu maior medo é perder a capacidade de sonhar que a gente criou nos
últimos quatro anos.
Quatro anos voaram né? E parecia tudo tão longe, nossos medos não eram
medos, eram só... Hipóteses? E agora nossos medos dividem uma linha tênue com
as nossas expectativas. E a nossa insegurança anda lado a lado com as nossas perspectivas
futuras.
Logo, logo estaremos encarando um de nossos muitos medos: defender nosso
caso ou o nosso filho de uma banca assustadora, que parece querer nos
destroçar, destroçar nossos sonhos e fazer parecer com que nossas noites mal
dormidas foram em vão. E vamos lutar, com unhas, dentes e fundamentos teóricos
para provar que estamos certo e que todos os esforços do mundo valeram a pena.
E espero que esse desafio nos encoraje a encarar os próximos, cada vez
mais fortes e confiantes. E que nos permita ir cada vez mais longe.