-Não, não quero ter filhos. Quero estudar, crescer[profissionalmente] e investir meu dinheiro em fotografia!
Afirmei isso ontem numa conversa com um dos meus melhores amigos, o Manoel Freire, enquanto bebíamos nossos cafés expressos, no fim da tarde.
Ele me perguntou o que eu ganharia deixando ao mundo fotografias e não filhos, vencendo aquela discussão afirmando que filhos são mais importantes que fotografias.
Horas depois, eu me encontrava na minha cama, muito bem acompanhada pela insônia, voltei a pensar no assunto e listar uma série de razões para não ter filhos.
A primeira delas, e a que eu sustento a mais tempo, é que eu não seria um boa mãe. Tenho como exemplo a minha mãe, sinto que não teria a mesma paciência, o mesmo amor, a mesma atenção, o mesmo companheirismo que ela tem com a gente, eu meus irmãos. A impressão que eu tenho é que quando eu estiver no ápice da minha TPM eu não vou aguentar uma criança chorando/reclamando do meu lado e vou atirá-la pela janela! (é cruel, mas é verdade...)
Brincadeiras à parte, acho que não quero ter filhos porque eu não quero que outras almas vivam para ver as desgraças do mundo. Assim, se hoje que é hoje, a gente vê guerras, tragédias, enchentes, fome, corrupção, insegurança, crimes banais, injustiças, destruição e um milhão de outras coisas ruins. Eu vivo nesse mundo e vejo um monte de coisas que eu não queria ver, então, por que ter filhos? para que eles vejam essas coisas tristes também?
Não, prefiro poupar essas almas de tamanho desgosto.
Lembrei também de uma discussão que rolou pós-aula de História da Fotografia, sobre a legalização aborto. Uma colega de classe, a Wanessa, questionou se não seria melhor legalizar o aborto para evitar que nascessem crianças que não teriam nenhuma perspectiva de futuro.
É justo, então, poupar uma vida da crueldade? Quer dizer, vale a pena colocar alguém no mundo cheio de tristeza e dor e sem perspectiva de melhora? Ou a morte é mais cruel que a realidade?